CAPÍTULO 10
GRANDES FESTAS ANUAIS
I - Romaria ao Santuário de Nossa Senhora de Vagos
1. Na nossa região, Festa é sempre veículo de socialização, de devoção e de entretenimento. É um espaço de saudável convivência.
As grandes Festas Populares da região eram:
- A Festa do Espírito Santo, em Vagos;
- A Romaria à Nossa Senhora de Vagos;
- A Festa do Beato Nuno, em Lumião;
- Encenação dos Reis Magos, em Lumião.
Além das Festas Populares há as Celebrações Litúrgicas: o Natal, a Páscoa, o Espírito Santo, etc, etc.
2. Abordamos, aqui apenas a Romaria ao Santuário de Nossa Senhora de Vagos e o Natal em Família.
A Romaria é uma Festa anual.
Nossa mãe sempre nos levava a essa Festa. É algo com um estilo diferente. Havia missa solene; toque de música, pela Banda Musical de Vagos; Bodo Coletivo; Procissão, no final da tarde, até à igreja paroquial, na vila.
O Santuário de Nossa Senhora de Vagos fica fora da Vila, num amplo espaço arvorizado, onde predominavam os plátanos.
Havia muitas barraquinhas de vender bugigangas, brinquedos e guloseimas.
Lembro dos moinhos de papel, que eram presença obrigatória, em todas as Festas. A mãe comprava um e, depois, em casa, pelo modelo, construíamos outros, com que nos divertíamos.
Íamos geralmente acompanhados também da avó Florinda e da tia Gracinda.
A mãe preferia que almoçássemos todos, sentados no chão relvado, com a comida no meio, sobre a toalha. Era o nosso piquenique.
3. A maioria ia lá fazer piquenique. Era espaço adequado para piqueniques.
Era uma aventura, ao ar livre: debaixo das frondosas árvores do santuário.
O espaço tinha quase o aspecto de um parque público. Ficava, literalmente, cheio de gente, que vinha de toda a região e arredores.
A presença constante era a Romaria do Povo de Cantanhede. Gente muito animada, muito alegre.
Ao final da tarde iniciava-se a procissão de velas, rumo à Igreja Matriz.
A Romaria à Nossa Senhora de Vagos era uma ocasião para as pessoas quebrarem a rotina e celebrarem a alegria e o convívio social. Era uma festa para todos.
Lembro que, quando minha classe terminou o quarto ano primário, na “Escola de Vagos”, atual “João Grave” todos resolvemos ir, em grupo, ao Santuário de Nossa Senhora de Vagos, agradecer e comemorar.
II - NATAL EM FAMÍLIA
4. No nosso tempo, na nossa região, não existia ainda a Ceia de Natal.
O que existia era a Missa do Galo, à Meia-Noite do dia 25 de
Dezembro.
Geralmente era uma noite fria e chuvosa.
A chuva caía, fria. Lembra-me, hoje, o canto litúrgico da Noite de Natal:
“Rorate, caeli desuper, et nubes pluant Justum” (Céus, chorai do alto, e as nuvens chovam o Justo – o Messias).
A chuva, na noite de Natal, assemelha-se a uma alegoria do Nascimento
do Senhor.
Toda a gente ia à Missa do Galo. Era um acontecimento sócio-religioso.
Em Família havia uma outra alegoria. Como Deus nos deu o Cristo,
como presente, nós também devemos presentear-nos. Retribuirmos o bem com o Bem.
5. As crianças e os adolescentes preparavam, com esmero, os seus sapatos, e os deixavam debaixo da chaminé, na lareira. Era-nos dito que o Menino Jesus vinha à nossa casa, naquela noite. Descia pela chaminé para não incomodar ninguém, e deixava um presente para cada um de nós nos nossos sapatinhos. Os presentes, melhores ou piores, dependeria do mérito de cada um: como cada um se comportou durante o ano que passou.
Quando as crianças já estavam adormecidas, a Mãe e o Pai colocavam, nos sapatos, presentinhos muito simples: um pouco de castanhas, um pouco de figo passado, uva passa, nozes, eventualmente avelãs. Tudo aconchegado num saquinho.
Havia outras variações de presentes. Podiam variar, de ano para ano, ou de um filho para o outro. Dependia das posses e da imaginação de cada um.
Os presente s vinham num saquinho rústico, colocados em cima dos sapatinhos. Eventualmente também eram colocados dentro dos sapatos.
Logo de manhãzinha, as crianças, ao acordarem, começavam alegre algazarra. Iam correndo, juntas, para a lareira, para saberem que presente o Menino Jesus lhes trouxe. Depois, o Menino, para alguns, foi substituído pelo Pai Natal, que no Brasil se chama Papai Noel, mais comercial. Havia muitas opções.
O almoço era marcado pelo Natal.
Comiam-se castanhas assadas, frutas secas, milharacos, filhoses e outras receitas que proponho em:
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