CAPÍTULO – 11
HÁBITOS DA FAMÍLIA
I - Destaque Vivencial
Entre as atitudes habituais da Família Peralta, principalmente em Portugal, destaco algumas de que tenho mais clara lembrança:
1. Família no Domingo
O Almoço aos Domingos sempre reunia toda a Família, tanto em Portugal, como no Brasil, o Domingo era o Dia do Senhor; ninguém trabalhava. Apenas se alimentava e alimentavam os animais, passeávamos e eventualmente passeávamos. No verão, todos faziam a sesta.
2. Missa Dominical
Ir à Missa ao Domingo era atividade sagrada. Todos a respeitavam. Antes de depois da Missa, os pais conversavam longamente com os filhos e com os compadres, no Largo da Igreja, que era muito amplo.
O Largo da Igreja era o Ponto de Encontro de toda a gente.
Na Igreja enquanto os pais conversavam, as crianças brincavam ou corriam.
No Brasil, Joaquim e Olívia mantiveram a tradição religiosa. Frequentavam a Igreja Nsa. Sra. da Lapa. Depois de se mudarem para Santos, frequentavam regularmente a Igreja Na. Sa. dos Navegantes, na Ponta da Praia.
3. Hora da Ave-Maria
Trabalho e Oração viviam muito juntos. Toda a gente trabalhava.
Os sinos tocavam, três vezes por dia, na hora da Ave-Maria: às 06:00 horas da manhã, ao meio dia e às 06:00 horas da tarde.
Onde quer que estivessem, as pessoas paravam para rezar. Os homens tiravam o chapéu.
4. Oração à Refeição
Na hora das refeições era Olívia que fazia a oração: “Muito obrigada Senhor por esta refeição. Protegei a nossa família e dai o pão a quem não o tem. Amém.” Bom apetite. No Brasil a Família perdeu o costume.
5. Páscoa da Ressurreição
No Dia de Páscoa, os padrinhos enviavam folares aos afilhados.
Folar era pão caseiro, feito com em casa, com farinha de trigo integral. Cada folar vinha com nove ovos, cozidos no forno, já colocados no folar, em fila de três ovos cada.
Fazia parte da Comemoração do Dia de Páscoa da Ressurreição.
6. Dia do Batizado
Outro hábito muito interessante era o Dia de Batizado dos filhos. Era
dia de festa. O Batizado ia com o tradicional vestido solene de Batizado.
As famílias dos pais e dos padrinhos faziam a festa na casa dos pais, onde o manjar adequado era a Aletria. Uma delícia. Feita com macarrão “cabelo de anjo”. Era costume enviar um prato de aletria para os amigos mais chegados, compartilhando com eles a alegria do Batizado de um novo filho.
Na nossa casa havia a sala de mesa para as festas especiais. Aí estava uma mesa grande, aproximadamente de quatro metros por um metro (4X1). Foi nessa sala que Joaquim se despediu da Família, quando veio para o Brasil.
Na sala da mesa eram festejados batizados e casamentos.
7. Pão de Ló
Na nossa casa, tanto em Portugal como no Brasil, o Pão de Ló era
oferecido como manjar, em alguns domingos. Era Joaquim quem o fazia. Era às vezes, um mimo para oferecer aos filhos, aqui, no Brasil.
8. Responsório de Santo Antônio
Um outro costume da família, quando algo era perdido, era a reza do
Responsório de Santo Antônio. Após a reza, às vezes depois de alguns dias, o objeto perdido era encontrado.
II – DESTAQUE CURIOSO
9. Ninho de Andorinha no Telheiro
Embora não caiba bem neste espaço, não posso deixar de registrar um
hábito anual das andorinhas: na primavera, após a temporada migratória, em outras plagas, as andorinhas vinham fazer ninho no nosso telheiro, na vigas do sótão. Eram uns oito a dez ninhos, cada ano. Para nós, era uma alegria ver as aves chegarem, com o alimento dos filhos, no bico. Havia um arame estendido no alto, onde as andorinhas pousavam e cantavam. Parecia encontro de comadres.
Gostamos de observá-las, nesse canto matinal. Nossa mãe nos dizia que a andorinha é uma ave sagrada. Uma mancha vermelha que têm na coleira, foi a marca que Deus lhe deu. Recorda o gesto de compaixão de uma andorinha que conseguiu arrancar alguns espinhos da cabeça de Cristo, na cruz no Calvário. O sangue espirrou em sua coleira e a marca lá ficou.
Considerávamos as andorinhas como as aves benfazejas, portanto bem-vindas à nossa casa, no tempo da procriação. Por ali ficavam, com os muitos filhos, até a nova migração.
10. Ninho do Sabiá
Correspondendo à tradição das andorinhas em nossa casa, em Portugal,
hoje, no Brasil, são os Sabiás que fazem ninho, anualmente, em nosso quintal e em nosso jardim de inverno, ao lado da sala de jantar, a quatro metros do local em que nos sentamos.
No momento em que redijo este texto, (Dia 31 de agosto de 2011), o Sabiá
já está iniciando o choco dos ovos.
Conseguimos observar o sabiá, no ninho, a dois metros de distância.
Eles nos observa, sem se preocupar.
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